O senso comum
Vamos refletir, agora, antes de tratarmos
da filosofia em si, do senso comum. A palavra SENSUS procede do Latim
significando: “percepção, sentimento, significado”, de SENTIRE, “perceber,
sentir, saber”.
A palavra comum, também do Latim, COMMUNIS,
“comum”, provavelmente no início significando “ato de repartir deveres em
conjunto”, relacionada a MUNUS, “tarefa, dever, ofício”.
O Senso comum ou conhecimento vulgar é
a suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda baseada
nas experiências acumuladas por uma sociedade em um determinado período.
O senso comum descreve as crenças e proposições, ou seja, "um conteúdo que pode ser tomado como verdadeiro ou falso que
aparecem como "normais", sem depender de uma investigação detalhada
para se alcançar verdades mais profundas, como as científicas.
Quando um conhecimento é herdado por
um grupo social e esse conhecimento se repete de forma contínua pelo grupo social de maneira a tornar-se relevante, não importando a antiguidade que tenha se transforma em senso comum
usado com bom senso.
O senso comum compõe-se de pedaços da
realidade percebida e expressa pelos indivíduos sem o uso de modos de
organização ou de uma metodologia que mostre com clareza o que revela sendo por
isso assistemático, isto é, casual, eventual e desorganizado, de tal modo que passa desapercebido ou questionado,
embora possa sê-lo. Isso exige tomada de posição que nem sempre é fácil quando
se coloca os saberes e valores recebidos, para adequá-los a partir da análise
das novas situações vividas. Aqui, bom senso não depende de erudição, ou melhor, de instrução,
conhecimento ou cultura variada, adquiridos especialmente por meio da leitura ou “estudo”, mas da sabedoria pela qual
conseguimos dar um sentido humano à vida e ao nosso destino.
É sempre bom estarmos alertas porque nem
sempre é possível criticar o saber comum, sobretudo nas sociedades em que
persiste a dominação ou a exploração de um grupo sobre o outro, o que me parece ainda ser muito forte na sociedade humana. Isso funciona como imposição de ideias e não
podemos taxar de senso comum, pois apenas atendem a interesses de classe.
É
possível ainda dizer que o senso comum é um tipo de conhecimento que se acumula
no nosso cotidiano e é baseado na tentativa e no erro. Outro tipo de senso
comum é a tradição, que, quando instalada, passa de geração para geração. No senso comum, não há
análise profunda e sim uma espontaneidade de ações; o senso comum é o que as
pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é "natural".
Existem
pessoas que confundem senso comum com crença, embora sejam coisas bem diferentes. Senso
comum é aquilo que aprendemos em nosso dia a dia e que não precisamos
aprofundar para obter resultados, como por exemplo: uma pessoa vai atravessar
uma pista; ela olha para os dois lados, mas não precisa calcular a velocidade
média, a distância, ou o atrito que o carro exerce sobre o solo. Ela
simplesmente olha e decide se dá para atravessar ou se deve esperar. O senso
comum não é a atitude tomada em si, mas sim a concepção e a perspectiva criada
pela pessoa sem a real intervenção do indivíduo. Logo, o senso comum é um ato
de agir e pensar que tem raízes culturais e sociais.
Também fazem parte do senso
comum os conselhos e ditos populares que
são tidos como verdades absolutas e, como tal, seguidos pelo povo.
Por exemplo: "deve-se cortar os cabelos na lua crescente para que cresçam mais
rápido".
https://pt.wikipedia.org/wiki/Proposi%C3%A7%C3%A3o
Aranha, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação - 3ª ed. rev. e ampl.- São Paulo: Moderna 2006.