quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

SENSO COMUM


O senso comum


Vamos refletir, agora, antes de tratarmos da filosofia em si, do senso comum. A palavra SENSUS procede do Latim significando: “percepção, sentimento, significado”, de SENTIRE, “perceber, sentir, saber”.

 A palavra comum, também do Latim, COMMUNIS, “comum”, provavelmente no início significando “ato de repartir deveres em conjunto”, relacionada a MUNUS, “tarefa, dever, ofício”.

O Senso comum ou conhecimento vulgar é a suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda baseada nas experiências acumuladas por uma sociedade em um determinado período.

O senso comum descreve as crenças e proposições, ou seja, "um conteúdo que pode ser tomado como verdadeiro ou falso que aparecem como "normais", sem depender de uma investigação detalhada para se alcançar verdades mais profundas, como as científicas.

Quando um conhecimento é herdado por um grupo social e esse conhecimento se repete de forma contínua pelo grupo social de maneira a tornar-se relevante, não importando a antiguidade que tenha se transforma em senso comum usado com bom senso.

O senso comum compõe-se de pedaços da realidade percebida e expressa pelos indivíduos sem o uso de modos de organização ou de uma metodologia que mostre com clareza o que revela sendo por isso assistemático, isto é, casual, eventual e desorganizado, de tal modo que passa desapercebido ou questionado, embora possa sê-lo. Isso exige tomada de posição que nem sempre é fácil quando se coloca os saberes e valores recebidos, para adequá-los a partir da análise das novas situações vividas. Aqui, bom senso não depende de erudição, ou melhor, de instrução, conhecimento ou cultura variada, adquiridos especialmente por meio da leitura ou “estudo”, mas da sabedoria pela qual conseguimos dar um sentido humano à vida e ao nosso destino.

É sempre bom estarmos alertas porque nem sempre é possível criticar o saber comum, sobretudo nas sociedades em que persiste a dominação ou a exploração de um grupo sobre o outro, o que me parece ainda ser muito forte na sociedade humana. Isso funciona como imposição de ideias e não podemos taxar de senso comum, pois apenas atendem a interesses de classe.

É possível ainda dizer que o senso comum é um tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano e é baseado na tentativa e no erro. Outro tipo de senso comum é a tradição, que, quando instalada, passa de geração para geração. No senso comum, não há análise profunda e sim uma espontaneidade de ações; o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é "natural".

Existem pessoas que confundem senso comum com crença, embora sejam coisas bem diferentes. Senso comum é aquilo que aprendemos em nosso dia a dia e que não precisamos aprofundar para obter resultados, como por exemplo: uma pessoa vai atravessar uma pista; ela olha para os dois lados, mas não precisa calcular a velocidade média, a distância, ou o atrito que o carro exerce sobre o solo. Ela simplesmente olha e decide se dá para atravessar ou se deve esperar. O senso comum não é a atitude tomada em si, mas sim a concepção e a perspectiva criada pela pessoa sem a real intervenção do indivíduo. Logo, o senso comum é um ato de agir e pensar que tem raízes culturais e sociais. 

Também fazem parte do senso comum os conselhos e ditos populares que são tidos como verdades absolutas e, como tal, seguidos pelo povo. Por exemplo: "deve-se cortar os cabelos na lua crescente para que cresçam mais rápido".

https://pt.wikipedia.org/wiki/Proposi%C3%A7%C3%A3o
Aranha, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação - 3ª ed. rev. e ampl.- São Paulo: Moderna 2006.









sábado, 17 de fevereiro de 2018

O MITO





Há algo em que você acredita simplesmente por acreditar? 

Sem argumentação, sem nenhum fundamento que dê status de verdade a sua crença, mesmo assim você acredita? 
Um mito é um conhecimento imediato que surge das relações dos indivíduos com a realidade que os cerca. É aquilo que é naquele momento de relação superficial, mas que pode ou não resistir a uma investigação mais profunda. 
Um mito é uma crença que não exije daquele que crê, uma compreensão mais ampla do que se diz. Simplesmente a pessoa acredita e pronto. Aquilo que se aceita sem discussão e é transmitido pela tradição cultural, como forte apelo ao sobrenatural, ou seja, à origem divina dos fenômenos. 
O mito se constitui em estrutura dominante dos povos tribais. Esses povos acreditam na atuação constante dos deuses. O mito primitivo ritualiza todas as atividades: os instrumentos úteis e as manifestações artísticas têm características mágicas. O mesmo ocorre com o plantio, e a colheita, a caça, a guerra, as relações entre os indivíduos (nascer, tornar-se adulto, casar, morrer) a explicação do universo, os valores aceitos. Em suma, no mundo primitivo tudo é mito e tudo se faz por magia.                  
Também podemos ver o mito da seguinte forma: Como narrativas utilizadas pelos povos gregos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, que não eram compreendidos por eles.

Os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram.



Um dos objetivos do mito era transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado, através de rituais em cerimônias, danças, sacrifícios e orações. 

Um mito também pode ter a função de manifestar alguma coisa de forma forte ou de explicar os temas desconhecidos e tornar o mundo conhecido ao Homem.

Mito nem sempre é utilizado na simbologia correta, porque também é usado em referência às crenças comuns que não tem fundamento objetivo ou científico.

 Porém, acontecimentos históricos podem se transformar em mitos, se tiver uma simbologia muito importante para uma determinada cultura. Os mitos têm caráter simbólico ou explicativo, são relacionados com alguma data ou uma religião, procuram mostrar a origem do homem por meio de personagens sobrenaturais, esclarecendo a realidade através de suas histórias sagradas. Um mito não é um conto de fadas ou uma lenda.

mitologia é o estudo do mito, das suas origens e significados. Alguns dos mitos mais conhecidos fazem parte da mitologia grega, que exprime a maneira de pensar, conhecer e falar dessa cultura. Fazem parte dela os deuses do Olimpo, os Titãs, e outras figuras mitológicas como minotauros e centauros.

Um mito é diferente de lenda, porque uma lenda pode ser uma pessoa real que concretizou feitos fantásticos, como Pelé, Frank Sinatra, etc. Um mito é um personagem criado, como Zeus, Hércules, Hidra de Lerna, Fênix, etc.
O mito da caverna




O mito da caverna possui vários outros nomes, como "alegoria da caverna", "prisioneiros da caverna" ou "parábola da caverna". Essa alegoria faz parte da obra "A República", da autoria do filósofo grego Platão.
Nesta narração, Platão nos convida a imaginar uma caverna onde dentro existem humanos que nasceram e cresceram dentro dessa mesma caverna. Eles nunca saíram, porque se encontram presos no seu interior. Os habitantes da caverna estão de costas voltadas para a sua entrada. Fora da caverna, existe um muro alto que separa o mundo exterior da caverna. Os homens existentes no mundo exterior mantêm uma fogueira acesa, e os ruídos que fazem podem ser ouvidos dentro da caverna. De igual forma, as suas sombras são refletidas na parede no fundo da caverna, e os seres humanos acorrentados, vêm as sombras e pensam que elas são a realidade.
Em seguida, Platão pede que imaginemos que um dos seres humanos acorrentados consegue fugir da caverna, subir o alto muro e passar para o outro lado, descobrindo que as sombras que antes via, vinham de homens como ele. Além disso, descobriu também a natureza que existia do outro lado do muro. Platão discursa então sobre o que esse homem fará com essa nova realidade e o que poderá acontecer se ele resolver voltar para a caverna, contando aos outros que a vida que estão vivendo é na realidade um engano. Poderá acontecer que os outros homens o ignorem completamente, ou no pior dos casos, que o matem, por considerarem que ele é um louco ou mentiroso.
Através desta alegoria, Platão nos remete para a situação que muitos seres humanos vivem, num mundo de ilusão, e presos por crenças errôneas, preconceitos, ideias falsas, e por isso vivem em um mundo com poucas possibilidades, assim como os homens na caverna.
Platão usou essa narrativa para explicar como o ser humano pode obter libertação da escuridão com a ajuda da luz da verdade, falando também da teoria do conhecimento, do conceito de linguagem e educação como alicerces de um Estado Ideal. 

Ulisses
                      Fernando Pessoa
O mito é um nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É o mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre


A entrar na realidade.
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada morre.

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