Há algo em que você acredita
simplesmente por acreditar?
Sem argumentação, sem nenhum
fundamento que dê status de verdade a sua crença, mesmo assim você acredita?
Um mito é um conhecimento imediato que
surge das relações dos indivíduos com a realidade que os cerca. É aquilo que é
naquele momento de relação superficial, mas que pode ou não resistir a uma
investigação mais profunda.
Um mito é uma crença que não exije
daquele que crê, uma compreensão mais ampla do que se diz. Simplesmente a
pessoa acredita e pronto. Aquilo que se aceita sem discussão e é transmitido
pela tradição cultural, como forte apelo ao sobrenatural, ou seja, à origem
divina dos fenômenos.
O mito se constitui em estrutura
dominante dos povos tribais. Esses povos acreditam na atuação constante dos
deuses. O mito primitivo ritualiza todas as atividades: os instrumentos úteis e
as manifestações artísticas têm características mágicas. O mesmo ocorre com o
plantio, e a colheita, a caça, a guerra, as relações entre os indivíduos
(nascer, tornar-se adulto, casar, morrer) a explicação do universo, os valores
aceitos. Em suma, no mundo primitivo tudo é mito e tudo se faz por magia.
Também
podemos ver o mito da seguinte forma: Como narrativas utilizadas pelos povos gregos
antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza, as
origens do mundo e do homem, que não eram compreendidos por eles.
Os
mitos se utilizam de muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis.
Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e
pessoas que realmente existiram.
Um dos objetivos do mito era transmitir conhecimento e explicar
fatos que a ciência ainda não havia explicado, através de rituais em cerimônias,
danças, sacrifícios e orações.
Um mito também pode ter a função de manifestar alguma coisa de
forma forte ou de explicar os temas desconhecidos e tornar o mundo conhecido ao
Homem.
Mito nem sempre é utilizado na simbologia correta, porque também
é usado em referência às crenças comuns que não tem fundamento objetivo ou
científico.
Porém, acontecimentos
históricos podem se transformar em mitos, se tiver uma simbologia muito
importante para uma determinada cultura. Os mitos têm caráter simbólico ou
explicativo, são relacionados com alguma data ou uma religião, procuram mostrar
a origem do homem por meio de personagens sobrenaturais, esclarecendo a
realidade através de suas histórias sagradas. Um mito não é um conto de fadas
ou uma lenda.
A mitologia é
o estudo do mito, das suas origens e significados. Alguns dos mitos mais
conhecidos fazem parte da mitologia grega, que exprime a maneira de pensar, conhecer
e falar dessa cultura. Fazem parte dela os deuses do Olimpo, os Titãs, e outras
figuras mitológicas como minotauros e centauros.
Um mito é diferente de lenda, porque uma lenda pode
ser uma pessoa real que concretizou feitos fantásticos, como Pelé, Frank
Sinatra, etc. Um mito é um personagem criado, como Zeus, Hércules, Hidra de
Lerna, Fênix, etc.
O mito da caverna
O mito da caverna possui vários outros nomes, como "alegoria da
caverna", "prisioneiros da caverna" ou "parábola da
caverna". Essa alegoria faz parte da obra "A República", da
autoria do filósofo grego Platão.
Nesta narração, Platão nos convida a imaginar uma caverna onde dentro
existem humanos que nasceram e cresceram dentro dessa mesma caverna. Eles nunca
saíram, porque se encontram presos no seu interior. Os habitantes da caverna
estão de costas voltadas para a sua entrada. Fora da caverna, existe um muro
alto que separa o mundo exterior da caverna. Os homens existentes no mundo
exterior mantêm uma fogueira acesa, e os ruídos que fazem podem ser ouvidos dentro
da caverna. De igual forma, as suas sombras são refletidas na parede no fundo
da caverna, e os seres humanos acorrentados, vêm as sombras e pensam que elas
são a realidade.
Em seguida, Platão pede que imaginemos que um dos seres humanos
acorrentados consegue fugir da caverna, subir o alto muro e passar para o
outro lado, descobrindo que as sombras que antes via, vinham de homens como
ele. Além disso, descobriu também a natureza que existia do outro lado do muro.
Platão discursa então sobre o que esse homem fará com essa nova realidade e o
que poderá acontecer se ele resolver voltar para a caverna, contando aos outros
que a vida que estão vivendo é na realidade um engano. Poderá acontecer que os
outros homens o ignorem completamente, ou no pior dos casos, que o matem, por
considerarem que ele é um louco ou mentiroso.
Através desta alegoria, Platão nos remete para a situação que muitos
seres humanos vivem, num mundo de ilusão, e presos por crenças errôneas,
preconceitos, ideias falsas, e por isso vivem em um mundo com poucas
possibilidades, assim como os homens na caverna.
Platão usou essa narrativa para explicar
como o ser humano pode obter libertação da escuridão com a ajuda da luz da
verdade, falando também da teoria do conhecimento, do conceito de linguagem e
educação como alicerces de um Estado Ideal.
Ulisses
Fernando Pessoa
O mito é um nada que é
tudo.
O mesmo sol que abre
os céus
É o mito brilhante e
mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui
aportou,
Foi por não ser
existindo.
Sem existir nos
bastou.
Por não ter vindo foi
vindo
E nos criou.
Assim a lenda se
escorre
A entrar na realidade.
E a fecundá-la
decorre.
Em baixo, a vida,
metade
De nada morre.
Para ler mais:
Nenhum comentário:
Postar um comentário