"Tudo passa e nada permanece imóvel"
Heráclito
Educação é processo porque nela se
encontra o passado, o que já foi pensado e ativado na consciência educadora de
todos que estão de certa forma inteiramente participantes do fazer educativo
onde quer que esteja nesse planeta. O processo, entretanto, enseja que algo novo
aconteça, então a luz das novas descobertas, tendências e força social
empreendida num determinado contexto se imponha alterando o passado e dando ao
educador uma nova compreensão de suas atividades como docente e como fazer
pedagógico. Para isso é preciso entender que cada grupo social varia para
momentos estáveis e ativos dentro do processo. Os conglomerados de pessoas nas
áreas urbanas contemporâneas vão apresentar suas necessidades de moverem-se
atipicamente quebrando as tradições e hábitos mais ligados aos seus antepassados,
isso apresenta uma mobilidade muito maior.
Se tomarmos o “educere” na sua
significação original, podemos entender que o ato educativo será, sempre, do
momento em que um conjunto de forças estabelecidas pelas necessidades, anseios
e desejos, não apenas das pessoas, mas da motricidade que faz funcionar uma
nação em todos os seus segmentos precisam e estão ali presentes cabendo ao ato
de educar produzir as mudanças necessárias até que todos se ajustem para fazer
dos sonhos de todos os cidadãos uma realidade exteriorizada no mundo de
realidades vivenciadas. Isso surgirá na dinâmica do mundo intrapessoal, como a
influência já citada do meio contribuindo para a configuração de ações
exercidas sobre os sujeitos ou grupos de sujeitos visando provocar neles
mudanças tão eficazes que os tornem elementos ativos dessa ação.
Em apoio, o professor José Carlos
Libâneo diz, “educar(em latim educare) é conduzir de um estado a outro, é
modificar numa certa direção o que é suscetível de educação”. Podemos
considerar ainda que o pedagógico deve apresentar-se de forma exclusiva, bem
peculiar, entre a mensagem e o educando, proporcionada pelo agente. Alguns
elementos que nos remetem a questionar, a mensagem: tipo, qualificação e o
destino; estágio e momento em que esse destinatário se encontra, sem deixar de
considerar o contexto no seu entorno mais próximo e no mais abrangente.
Se fizermos uma breve incursão no
passado dos gregos, veremos que a Grécia dos tempos homéricos, preparava o guerreiro; na época clássica,
Atenas formava o cidadão, e Esparta era uma cidade que privilegiava a formação
militar; na Idade Média, os valores terrenos eram submetidos aos divinos,
considerados superiores; no Renascimento, buscava-se educar para formar o gentil-homem, e assim por diante.
Nessa
linha, a dificuldade se torna imensa em determinar com segurança quais os fins
da educação no mundo contemporâneo: que valores se encontram subjacentes ao
processo educacional? Se essa forma de esclarecer parece relativamente simples,
valores antigos podem ser vistos salpicados na contemporaneidade, dificultando
uma definição a posteriori mais precisa de uma ação inteiramente homogênea
constada, na prática, inteiramente impossível.
Pode-se
pensar, então, o fim da educação como o processo em contínua atividade,
renovando-se, atualizando-se, retroagindo, avançando como a própria natureza
das ondas de pensamento humano em seu processo desde o momento em que cada um
nele entra, nele atua, usufrui, participa, contribui e avança na sua própria
linha do tempo para ver os que estão iniciando sendo tocados pela mesma herança
para poderem ser o que precisam ser e também alterar o que é preciso,
efetivando e pontuando o processo educativo no ponto em que estão. Disso
podemos entender que a educação não está separada da vida, nem a prepara, mas
significa ela mesma parte inseparável da vida.
Nesse
sentido, como exemplo, em que interfere uma greve de caminhoneiros no processo
educativo? Vê-se como essas questões trazem a sua amplitude e a definição de
fim da educação dentro do processo. Cada atitude de grupos organizados da
sociedade tende a produzir alterações na organização do todo, seja para avançar
para objetivos mais claros ou para retroceder a métodos já utilizados, bons ou
ruins para o todo da sociedade. Na verdade, é o momento presente das
necessidades a que as pessoas estão submetidas que define as reações do agora e enseja, no futuro, outras mudanças. Isso ocorre porque nenhum processo é
estático. O contínuo presente é assim mesmo que funciona. O futuro não é nada,
apenas uma vibração possível desse presente.
A
educação tem pilares assentados na história indissoluvelmente presentes na vida
dos indivíduos a estabelecerem relações de produção de suas próprias
existências. Vemos assim que não é possível se separar educação de poder porque
ela não é neutra e o poder a usa para ser o que é naquele exato momento.
Finalmente,
educação não pode ser considerada como um simples meio de transmissão de saberes
e valores, mas um instrumento de crítica dessa herança e também abre espaço
para uma reflexão crítica da cultura.
Ref.:
Aranha,
Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação - 3ª ed. rev. e ampl.- São Paulo:
Moderna 2006.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização
da Escola Pública – A pedagogia crítico-social dos conteúdos. São Paulo,
Loyola, 1985.