TODOS OS HOMENS DESEJAM NATURALMENTE SABER
Aristóteles
Há uma inserção necessária quando pensamos em amar a sabedoria,
ela implica em duvidar da verdade estabelecida com o entendimento de que ela
vai apenas até determinado ponto, o ponto que não se tornou dúvida que não foi
de alguma forma questionado. Embora alguns optem por conclusões decisivas,
devemos entender que há sempre um algo a mais do ponto onde se imaginou
conclusivo a um outro a ser construído. Então na sabedoria não há respostas
definitivas, há soluções pontuais para aquele momento. As perguntas têm um
sentido que permite abrir-se uma perspectiva, uma nova visão. A sabedoria está
em não limitar a solução como algo ad aeternum. É como o horizonte, uma vez
alcançado, outro se delineia. Aos estudantes de filosofia devemos lembrar cinco
pontos decidem um caminho.
1. Existem as filosofias, porque o pensar é
múltiplo e de múltiplas formas, como um oceano de ondas tranquilas, revoltas,
tempestuosas, que se balançam, batem, rebatem, se misturam, se separam, voltam a
se unir, a se encontrar, se separar, como em um fluxo de ir e vir. Cada um com
o seu jeito de navegar. A ciência e a arte encontram um jeito de fazer ao se
definirem, mas o que as tornam possíveis de realização é que o feito pode ser
partido em diferentes maneiras indicando presença e pluralidade.
2. A filosofia se torna interessante não pelo status
quo dos que a pensaram ou com ela se abraçaram para revelar seus oceanos e
modos de navegar. Podemos citar talentos extraordinários como Sócrates, Platão,
Aristóteles, Kant, entre outros. Eles despertam interesse porque nos colocaram
em perspectiva de vislumbrar nossos horizontes pessoais e avançar além do que
eles pensaram. Ampliamos a nossa racionalidade descortinando novas paisagens
que nos permitem a superação da nossa própria ignorância colocando-nos numa
dimensão humana mais elevada.
3. Pensar outros caminhos diferentemente dos
comumente trilhados é correr riscos de cometer enganos, mas adiantar-se no
tempo, promover o esclarecimento de fazeres que se ocultam por trás de
filosofias manipuladoras e assim ajudar a melhorar a compreensão da realidade em
que vivemos.
4. Em questões extremamente gerais, é preciso
desconfiar das respostas demasiadamente taxativas. Perguntar e perguntar;
duvidar e duvidar. A incerteza pode não ser o caminho, mas pode colocar-nos na
busca e orientar melhor onde nossas dúvidas podem chegar até no fortalecimento
de nossas convicções.
5. Encontre uma verdade entre as poucas ou quase
nenhuma que você conhece. Extraia dela o máximo de pontos que a confirmam ser
uma verdade. Depois contemple-os. imagine onde cada ponto pode lhe levar. Anote-os
e faça perguntas sobre eles e veja se já existe respostas para suas perguntas.
A ciência se apodera dessa técnica para descobrir novas verdades.
Assim o filosofar é plantar a dúvida para colher a verdade mesmo parcial,
dela extraindo nova semente para um novo plantio, uma nova colheita, um novo
fruto com sabor melhorado.
REF.:
Aranha, Maria Lúcia de
Arruda. Filosofia da Educação - 3ª ed. rev. e ampl.- São Paulo: Moderna 2006.
SAVATER, Fernando(1947). Filósofo espanhol, As perguntas da vida.
São Paulo, Martins Fontes, 2001.
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